De nosso amor e loucura...

Alguns de nós, eu inclusive, já vimos acalentando a ideia de criar este blog. Fazemos, de certo, parte de um grupo que não se entende como apenas professor, pessoas que criam contos, crônicas, novelas e têm receios de expor suas produções. Somos loucos... loucos pelo ócio mais trabalhoso que existe: escrever Utilizamos as palavras de Clarice Lispector para definir nossa loucura... "Escrevemos porque somos desesperados e estamos cansados, não suportamos mais a rotina de nos ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, nós nos morreríamos simbolicamente todos os dias."

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Reticências



“Quem põe ponto final numa paixão com o ódio, ou ainda ama, ou não consegue deixar de sofrer.”
Ovídio 

Às vezes eu tenho a impressão de que nunca vou me libertar disso. De que vai ser como um ser humano qualquer que dorme à noite e precisa trabalhar de dia, e que tem todas as imprecisões, incertezas e mais um monte de outras palavras com prefixo “in”. Geralmente tenho essa impressão durante o dia, porque à noite, ou durmo, ou me distraio com a música alta e as luzes dos postes nas ruas. Se eu ligasse para ele a cada vez que, em momentos de embriaguez  com meus pensamentos alcoolizados sentisse vontade, a fatura de meu cartão de crédito ultrapassaria meus rendimentos mensais e minha cota de exposição já me teria deixado completamente nua.

Em três dias fui a três restaurantes diferentes e pedi o mesmo prato. Enquanto meus amigos reclamavam da minha falta de criatividade eu constatava que sempre “rodo, rodo e acabo no mesmo lugar”. É algo que me frustra, mas já estou me acostumando à condição. Não espero grandes coisas da humanidade, posto que julgo grandiosas as coisas mais simples. Achei grandioso o fato de um de meus amigos me fazer um caderno de bolinhas; também fico maravilhada quando eles dizem lembrar-se de mim ao ouvir alguma música de que eu goste.

Achei grandioso ler “O morro dos ventos uivantes” e tomar um banho de chuva ao voltar da escola alguns anos atrás. Ouço frequentemente: “Somos responsáveis por nossas escolhas.” Concordo, porém acredito que pôr nossas escolhas em prática nem sempre depende apenas de nós. Penso que a vida seria menos difícil se cada um pudesse fazer suas escolhas sem depender de ninguém, mas talvez isso nos tornasse marionetes à mercê das escolhas alheias. O fato é que temos a tendência de culpar os outros por nossa incapacidade de agir. Não acredito que haja pessoas que não saibam para onde ir, acredito que elas apenas não sabem que caminho tomar. Enquanto não decidem, a areia da ampulheta continua caindo e esses mesmos caminhos vão mudando.

Existem histórias que requerem um ponto final, mas muitas vezes preferimos acrescentar a estes mais dois pontos. Pontos finais são definitivos. As pessoas têm medo disso. Eu tenho medo. O medo é, às vezes, tão grande que se torna cômico. Um ponto final no momento errado pode tornar a história desinteressante e frustrar o leitor.

Eu o aconselho a não me ver mais. Os olhos de titubeios dele seguram a caneta, as mãos seguram as pernas e a ilusão segura as mãos. Se ele não permitisse que suas mãos se aproximassem de minhas pernas, se ficasse cego, e se fosse um bruxo e apagasse minha memória poderia ir embora, mas sabe que não iria sozinho, a não ser que apagasse sua memória também e isso só faria em palavras.

Ponto final? 
Letícia Menezes
13 de agosto de 2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Encontros



Encontros existem ao acaso?
Encontros paralelos,
Encontros amorosos,
Encontros casuais.
Encontros?
Encontros antecipados,
Encontros REAIS,
Encontros VIRTUAIS?
Encontros!
Simplesmente encontros!
Se existem (DES)encontros que sejam breves.
-Porque, lá na frente, eu hei de te encontrar!!!

Francisco Costa
Agosto de 2012