"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o
vento passar, vale a pena ter nascido.”
Fernando Pessoa
A felicidade está muito mais ligada a nossas
necessidades do que propriamente à alegria que temos ao receber algo. Isso era claro
para mim na infância, quando eu ficava eufórica por ganhar caixinhas de LEGO e
minha irmã me olhava com aquela cara de quem não estava entendendo nada, e
ainda reprovando meu entusiasmo. Enquanto eu ficava feliz por poder pegar emprestado
um livro por semana na biblioteca, minha irmã evitava o ambiente por não gostar
de leitura. Quando ela começou a aprender a tocar violão, ficava de olhos
brilhando ao ganhar palhetas, eu não via a menor graça naquilo. Esse
desencontro de reações se deve, acho, ao fato de que não dávamos importância às
mesmas coisas, o que é absolutamente normal, já que somos pessoas distintas, com pensamentos e
desejos diferentes.
Certa vez, eu fui com um amigo a uma livraria e,
enquanto me via perdida por entre os livros, começou a tocar o cD de uma banda de
que gosto especialmente. Estar naquela livraria, ouvindo aquela música e
trocando ideias com alguém que considero tão inteligente, foi felicidade. No
dia em que vi minha mãe e minha irmã chegando ao aeroporto, mesmo que para
passar pouco tempo... aquilo foi felicidade. Da vez que brinquei de “pular-poças”
com meus amigos quando largávamos do curso... aquilo foi felicidade. Ver aquele
vídeo daquele rapaz brincando com aquela criança... foi felicidade. Rir de marcações
e fotos antigas com minha melhor amiga... é felicidade. Passar todas aquelas
horas de videoconferência com meu amigo... foi felicidade.
O que faz desses momentos felicidade? Escolher que sejam
importantes.
Letícia Menezes
É isso aí, Lettie! :)
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