Erich
Auerbach, no seu livro Ensaios de
Literatura Ocidental, relata que
Virgílio, poeta do Império Romano, pregava que os povos ao redor do Império
teriam um destino sob a égide da Providência e apascentado pela pax romana,
isto é, sob o jugo do Império Romano. Segundo palavras do próprio Auerbach,
"Virgílio fora o poeta do Império Romano; substituíra o velho sentimento
patriótico romano, preso aos limites da cidade-estado e às virtudes do camponês
itálico, pela ideologia da missão universal de Roma". Bem se vê que
cânones da cultura ocidental desde há muito estão interligados ao exercício do
poder e desenvolvem pensamentos, conectando misticismo ou
religiosidade ou algo semelhante à belicosidade e outras esferas de ação que
consolidam o poder.
Transplantando
isso para nosso tempo, certamente encontraremos aqui mesmo em Pernambuco
setores ligados à expressão artística e literária com intimidade com o poder,
articulando ações práticas que possivelmente consolidam até possíveis abusos de
poder, mesmo que não tenham nem a glória nem o prestígio de um Virgílio.
Josemilson Melo
Abril de 2012
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